quinta-feira, 7 de agosto de 2014

(Talvez)

Ele pode estar olhando minhas fotos neste exato momento. Por que não? Passou-se muito tempo, detalhes se perderam. E daí? Pode ser que ele faça as mesmas coisas que eu faço escondida, sem deixar rastro nem pistas. Talvez, ele passe a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto eu gostava disso. Ou percorra trajetos que eram meus, na tentativa de não deixar que eu me disperse das lembranças. As boas. Por escolha ou fatalidade, pouco importa, ele pode pensar em mim. Todos os dias. E, ainda assim, preferir o silêncio. Ele pode reler meus bilhetes, procurar o meu cheiro em outros cheiros. Ele pode ouvir as minhas músicas, procurar a minha voz em outras vozes.
Quem nos faz falta, acerta o coração como um vento súbito que entra pela janela aberta. Não há escape. Talvez, ele perceba que eu faço falta. Talvez, ele volte. Ou não.




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